Saúde / VACINA CUIABÁ

18 de Março de 2021 06h22

Idosos da zona rural são vacinados pelas equipes do programa AMOR e das unidades básicas de saúde

18/03/2021

CELLY SILVA

Celly Silva

A campanha “Vacina Cuiabá – sua vida em primeiro lugar”, de imunização contra a covid-19, chegou nesta quarta-feira (17) à zona rural da Capital, com a vacinação de 28 idosos acima de 80 anos, que receberam a primeira dose da Coronavac, nas comunidades de Rio dos Peies, Barreiro Branco e Coxipó do Ouro. O trabalho é feito pelas equipes dos programas AMOR - Assistência Médica e Odontológica Rural – e Saúde da Família. 

Essas equipes fizeram o levantamento de 208 idosos acima de 80 que vivem na zona rural de Cuiabá e, por conta da dificuldade de acesso à internet e de locomoção, serão atendidos em suas próprias casas. Cada equipe de vacinação é composta por um médico, dois enfermeiros, dois técnicos de enfermagem e o motorista que conduz a van. 

Para o prefeito Emanuel Pinheiro, o serviço representa, mais do que imunização e proteção contra a pandemia, o cuidado, o respeito e a humanização, que são marcas de sua gestão. "A campanha de vacinação contra a covid-19 tem sido marcada pela organização, pelo rigoroso cumprimento das regras previstas na bula das vacinas e do Plano Nacional de Imunização e, principalmente, pelo empenho de toda a equipe para levar a esperança que a vacina representa para os grupos prioritários, não medindo esforços para que o atendimento chegue àqueles que não têm condições de ir até o polo central. Com essa detemrinação de levar a imunização para todos os idosos, conforme a chegada de doses, ja vacinamos aqueles que vivem em asilos, casas de repousos, os acamados e, agora, começamos a vacinar os idosos acima de 80 anos que moram em lugares longínquos da zona rural. Isso nos alegra muito e nos dá a certeza de que estamos no caminho certo", afirma.

Primeiras vacinadas

A primeira idosa vacinada na zona rural de Cuiabá foi Ana Luzia Thommen Lobo, de 91 anos, que mora às margens da rodovia MT-351 (Estrada do Manso). Sobre receber a vacina contra a covid-19 em sua chácara, ela comemorou. “Estou achando muito bom porque minhas pernas não funcionam mais. Eu era atleta, hoje não aguento mais. Meu braço não funciona, meu joelho não funciona, 91 anos não é brincadeira, né? Tem um ano que eu não saio daqui, não vou pra lugar nenhum! Nem quero muita visita. Graças a Deu não fiquei doente. Eu estava muito preocupada porque eu não vou pra cidade. Agora estou esperançosa”, disse. 

Moradora da Comunidade Bandeira, Júlia Garcia da Silva, 85 anos, que é cadeirante, chegou a ficar doente no início da pandemia, quando ainda ia até a cidade para fazer fisioterapia. Mas a filha dela, Nilza Divino da Silva, que também adoeceu, preferiu fazer o tratamento em casa, com receitas caseiras. “Ela fazia fisioterapia na cidade. Um dia ela começou a passar mal. No começo da pandemia, eu e ela pegamos. Não fizemos teste, mas fez o raio-x do pulmão dela, o médico queria internar, mas eu disse não”. 

Com a chegada da vacina, a filha de dona Júlia conta que se sente melhor, mas que continua com medo da doença. “A gente fica sentindo bem por estar vacinando, porque mesmo assim a gente tem muito medo dessa doença. Tenho esperança que melhore para acabar essa epidemia. Acho que as pessoas tinham que se cuidar mais porque o pessoal está brincando com a epidemia. Mas eu creio que vai melhorar”, afirma.

Em relação ao conforto de receber a vacina em casa, a sitiante destaca que esse atendimento é contínuo e que sua mãe já é atendida há muitos anos pela equipe de saúde da família do Rio dos Peixes. “Eles sempre vieram aqui, não é só agora. Quando ela teve gripe, eles vieram aqui. Fizemos o tratamento ali no Rio dos Peixes”, conta. 

Orientações médicas

Médico da família que compõe a equipe do programa AMOR, João Novis afirma que, na campanha de vacinação, as equipes têm adotado um cuidado prévio e posterior à aplicação da vacina, como verificar se o paciente está com sintomas gripais, por exemplo. “Primeiramente a gente tem que saber se o paciente está com algum sintoma de gripe porque pode ser covid. Nesse caso, a gente contraindica o uso da vacina. E a gente evita porque não vai ter a estimulação adequada do sistema imune, então a gente posterga”, explica. 

Outra observação feita é com relação ao uso de medicamentos, como anticoagulante. “Pode fazer sangrar. E aí a gente deixa por mais tempo a compressa, a gente fica mais de olho. Tem que tomar cuidado com a reação adversa, se tiver alguma alergia imediata à vacina”, relata o médico. 

Ainda com relação ao pós-vacina, os idosos e familiares são orientados a observar se o local da aplicação terá efeitos como vermelhidão, secreção, febre ou dor. “A gente passa basicamente os sinais de gravidade que precisem ir para a unidade de saúde e os cuidados para dor, como fazer compressa fria no local”, diz o profissional, que destaca ainda que todo efeito colateral deve ser informado para que a Vigilância Epidemiológica faça o monitoramento.

A campanha de vacinação contra a covid-19 na zona rural de Cuiabá ainda vai atender idosos acima de 80 anos que vivem no distrito de Nossa Senhora da Guia, na quinta-feira (18), no distrito de Aguaçu, na sexta-feira (19), e demais comunidades rurais na segunda (22) e terça-feira (23).