Os preparativos para o atendimento à Saúde durante a Copa do Mundo de 2014 se transformarão em outro importante legado para a população local e para melhorias no sistema de Saúde pública em Cuiabá e Mato Grosso. A avaliação é de gestores, especialistas e profissionais da área que participam da Capacitação em Emergência para a Rede de Urgência da Baixada, iniciada neste sábado (13), na Capital.

O curso segue até a próxima terça-feira (16), na Escola de Saúde Pública, e se destina a 400 médicos, enfermeiros e técnicos de Enfermagem da Rede Municipal de Saúde que atuam na linha de frente do atendimento a usuários do Pronto-Socorro da Capital, UPA Morada do Ouro, policlínicas e Samu. O treinamento é uma das ações de preparação de Cuiabá, Várzea Grande e Saúde Estadual para os jogos da Copa. Mas os efeitos desse trabalho, conforme destacam especialistas, serão determinantes à melhoria da saúde pública em geral na região.

“O que podemos melhorar na Saúde está sendo feito e temos que aproveitar,n como cidadãos, para deixar raízes mais profundas, que vão além de um grande evento como a Copa”, destacou o médico Hélio Penna Guimarães,
autoridade internacional em emergência médica, durante a abertura do curso em Cuiabá. Doutor em Tecnologia e Intervenção em Cardiologia, Guimarães é coordenador do Centro de Ensino, Treinamento e Simulação do HCor e autor de vários livros nas áreas de Medicina Intensiva e Medicina de Urgência e Emergência.

Secretário de Saúde de Cuiabá, o médico Kamil Fares conclamou profissionais da saúde a se engajarem nos preparativos para a Copa e a multiplicarem o conhecimento adquirido para a melhoria do atendimento à população.

“Com os cursos e outros preparativos que estão sendo adotados, teremos profissionais mais capacitados para o atendimento às pessoas. Fico contente, como médico e gestor da saúde, com esse esforço conjunto pela construção de uma nova Saúde em Cuiabá”, declarou o secretário.

Fares advertiu que o apelo social por uma saúde pública de mais qualidade é uma “missão difícil, mas não impossível”.

“E contamos com os profissionais de saúde para encarar esse desafio”, frisou o secretário, lembrando que a valorização de vidas precisa pautar o atendimento a pacientes.

Plano de Ação – Cursos de capacitação e atualização de conhecimentos técnicos voltados a profissionais da rede de Saúde local estão entre as principais diretrizes do Plano de Ação da Saúde para a Copa do Mundo de 2014. O plano é tripartite (esferas municipal, estadual e federal) e passa neste momento por ajustes técnicos. Documento final será encaminhado até o fim do mês de agosto para gestores públicos para validação e pactuação de medidas conjuntas em prol da Copa e da melhoria da Saúde na Grande Cuiabá.

Além de ações de prevenção, como os cursos de capacitação, o plano contempla as áreas de inteligência (segurança e comunicação na rede de Saúde e agentes públicos) e assistência à Saúde.

Os preparativos para a Copa na Saúde preveem, por exemplo, a construção de um Centro de Comando e Controle, unidade que concentrará todas as instituições ligadas à Saúde e suporte para a Copa. Outra medida de
destaque é o treinamento em prevenção e reação em eventos de QBRN (químico-biológico-radiológico-nuclear).

Equipe de profissionais de Cuiabá embarca para Angra dos Reis (RJ) em agosto, onde passarão por treinamento referência no Brasil, na usina nuclear Angra I.

“Cuiabá está se preparando e estará apta na Saúde para receber os jogos da Copa. Toda essa preparação estará finalizada em janeiro, quando a Seleção Brasileira disputa amistoso na nova Arena Pantanal”, declara o coordenador da Câmara Temática da Saúde na Copa, o médico Fábio Liberali.

Curso - O curso de capacitação em emergências cardiovasculares aborda a padronização dos procedimentos de atendimento médico diante de acidentes, como infarto e derrame, por exemplo, e identificação de sintomas. A capacitação está inserida no projeto Hospitais de Excelência do Ministério da Saúde, desenvolvido em parceria com o Hospital do Coração de São Paulo (HCor).

Estudos apontam que doenças cardiovasculares são hoje as maiores causas de mortes no mundo (28,7%), à frente de males como câncer (12,6%), acidentes de trânsito (9,1%) e AIDS (5,1%). O alerta vermelho é ainda maior junto à população de países em desenvolvimento, que reúnem 80% dos registros de mortes por acidentes cardiovasculares.

“Esses dados nos mostram que mudou aquele antigo mito de que doença cardiovascular era doença de país rico. Mais e mais pessoas estão morrendo em países pobres e classificados como em desenvolvimento, como o Brasil”,
alerta o doutor Hélio Penna Guimarães.