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06 de Outubro de 2010 16h32

Cultura afro-descendente e cinema de Mato Grosso ganham destaque no MISC

06/10/2010

Lis Ramalho-Assessoria/SMC

São quase trezentos anos de presença africana em Mato Grosso; a herança de homens e mulheres que lutam pela igualdade racial e social, e a contribuição negra à cultura mato-grossense podem ser vistas por outro ângulo na mostra “Para não esquecermos: a presença negra em Mato Grosso”, em exposição até o dia 05 de novembro, no Museu da Imagem e do Som de Cuiabá “Lázaro Papazian – Cháu – MISC”.

 

O evento prevê uma programação diversificada, com exposições e mostras de vídeos contemplando a temática afro-brasileira. “Negro por inteiro” é um trabalho realizado por Duflair Barradas, vencedor do 1º Prêmio Nacional de Expressões Culturais Afro-brasileiro, promovido pelo Centro de Apoio ao Desenvolvimento Osvaldo dos Santos Neves (CADON).

 

A exposição tem como tema os Quilombolas remanescentes da região de Chapada dos Guimarães. Com 20 fotografias em preto e branco e em tamanho 60 x 40 cm, Duflair Barradas fez os registros utilizando o estilo documental de fotografia, a vida e o mundo dos últimos negros que vivem de forma tradicional, como seus bisavôs viviam.

 

O fotógrafo disse que este projeto foi concebido em virtude da falta de registros formais sobre a comunidade quilombola, que ainda preserva grande parte de seus costumes tradicionais, resistindo à homogeneização cultural imposta pelo nosso modelo de sociedade. “Realizamos uma inclusão cultural por meio da fotografia, registrando e expondo ao mundo a rica cultura dos quilombolas. Aos olhos de uma sociedade pós-moderna, eles vivem de forma primitiva, mas na verdade, os quilombolas ainda preservam suas origens e costumes”, ressaltou.

 

Orixás

 

A religiosidade também ganha destaque na mostra. André Balbino retratou a religião africana, nas artes plásticas. O artista retratou os Orixás, divindades africanas relacionadas ao meio ambiente, e cultuadas pelos praticantes do Candomblé, religião trazida para o Brasil pelos negros escravizados. Na mitologia yoruba, Olorun é o deus supremo do povo yoruba, que criou as divindades ou semideuses chamados Orixás, que são os guardiões dos elementos da natureza, para representar todos os seus domínios aqui na terra. Assim como no Brasil, os Orixás são cultuados em Cuba, República Dominicana, Porto Rico, Jamaica, Guiana, Trinidad e Tobago, Estados Unidos, México e Venezuela.

 

Nas telas, Balbino retratou os principais Orixás cultuados pelos religiosos. Cada divindade tem suas qualidades e poderes naturais. Os Orixás masculinos são: Oxalá: orixá do Branco, da Paz, da Fé; Exú: guardião dos templos, encruzilhadas, passagens, casas, cidades e das pessoas, mensageiro divino dos oráculos; Ogum: do ferro, guerra, fogo, e tecnologia; Oxóssi: da caça e da fartura; Xangô: do fogo e trovão, protetor da justiça; Obaluaiyê ou Omulu: das doenças epidérmicas e pragas, orixá da cura; As entidades femininas são Oyá ou Iansã: dos ventos, relâmpagos, tempestades, e do rio Níge;. Oxum: dos rios, do ouro, jogo de búzios, e protetora dos recém nascidos; Iemanjá: dos lagos, mares e fertilidade, mãe de muitos orixás; e Nanã: dos pântanos e da morte, mãe de Obaluaiê.

 

100 Anos de Cinema

 

A mostra também presta uma homenagem ao 17º Festival de Cinema e Vídeo de Cuiabá, com a disponibilidade ao público de parte da exposição fotográfica “100 Anos do Cinema em Mato Grosso”. A exposição fotográfica é o resultado de uma pesquisa de quatro anos, realizada para a publicação da coletânea “Memória e Mito do Cinema em Mato Grosso”, do pesquisador Luiz Carlos de Oliveira Borges.

 

A exposição “100 Anos do Cinema em Mato Grosso” já passou pelo Rio de Janeiro e por Campo Grande-MS. O MISC acolhe parte dessa exposição, que conta com fotografias de Ozualdo Candeias, cineasta mato-grossense, que nos anos 60 filmou no Estado, o longa “A Margem”, obra marcante no cinema brasileiro. Fotos dos cineastas Eduardo Jacob e Arne Sucksdorf.  Névio Lotufo, pioneiro na difusão de filmes, em Mato Grosso, realizou o filme “Cinemotosblim”. A exposição conta também com fotos do Cine Tropical em Cuiabá, considerado um dos mais belos cinemas do Brasil, com 1.200 lugares, localizado na avenida Barão de Melgaço, local onde hoje funciona o Banco do Bradesco.

 

O Museu está localizado na Rua Voluntários da Pátria, esquina com a Rua Sete de Setembro, no Centro Histórico. O MISC fica aberto de segunda a sexta-feira, das 14h às 18h – entrada franca. As escolas que desejarem levar os alunos para conhecer o espaço devem agendar horário através do fone 3617-1288 ou pelo e-mail: movimentomisc@gmail.com

 

 

Assessoria Secretaria Municipal da Cultura de Cuiabá

(65) 8415-0916 / 3617-1274

 

Ivan Belém

Direção Museu da Imagem e do Som de Cuiabá

(65) 9232-2541 / 3617-1288