/ ARTIGO

15 de Agosto de 2014 18h45

Não vamos desistir do Brasil

15/08/2014

 

“Não vamos desistir do Brasil. É aqui onde vamos criar nossos filhos. É aqui onde temos que criar uma sociedade mais justa. Para isso, é preciso ter a coragem de mudar, de fazer diferente (...). O Brasil tem jeito. Vamos juntos!”.

 

Esta frase, talvez premonitória, foi proferida por Eduardo Campos no encerramento de entrevista ao Jornal Nacional (Rede Globo), na noite de terça-feira, véspera do trágico acidente aéreo que ceifou precocemente sua vida, aos 49 anos. Foi sua última conversa com o Brasil, dado o alcance do telejornal. E deve servir a todos nós como um mote de ação e luta pelo futuro de nosso país. Como inspiração política fundamental. 

 

Não apenas pelo fato de ser o candidato a Presidente da República pelo nosso partido, o PSB, mas por vários outros, Eduardo Campos representava nesta campanha presidencial que está em andamento a verdadeira mudança pelas reformas que o Brasil realmente precisa.

 

Eu tive a oportunidade de conhecer Eduardo Campos e me tornar seu amigo pessoal. Tinha por ele uma admiração política muito grande. Um homem absolutamente carismático, simples, com uma trajetória política que poucos conseguiram no Brasil nos últimos anos. Ele representava a uma nova geração de expoentes políticos tão pouco vistos no Brasil. Eduardo era um político diferenciado.

 

Não tenho dúvida que ele, um político jovem, mas já com uma carreira brilhante  e vitoriosa, estava em franco processo de construção e formação de uma grande liderança para conduzir nossa Nação.  Vi-o fazer uma administração exemplar em Pernambuco, sempre com índices estrondosos de aprovação popular. Prova disso foi sua eleição em 2010, quando recebeu mais de 80% dos votos válidos dos pernambucanos.

 

A morte prematura de Eduardo Campos nos choca e nos deixa consternados. É uma perda muito grande para a democracia e para o país. Seus predicados como homem público o credenciavam a ser o grande condutor das mudanças que o Brasil tanto almeja. Mas deve nos servir como reflexão também.

 

Nesse momento especial, quando estamos nos preparando para escolher os nossos novos representantes no País e nos Estados, Eduardo propunha um grande debate. Não o debate de quem fez mais ou menos, ou de quem tinha mais defeitos ou virtudes. Eduardo queria debater o Brasil do presente e do futuro, não o do passado; debater o Brasil de hoje, de quem somos, de quem queremos ser no futuro.

 

Esse debate não morre com o Eduardo. Seu legado deve nos inspirar a mudar o olhar da política brasileira e focar as pessoas, quem mais precisa, as reformas econômicas e tributárias, um grande programa de infraestrutura que corrija as desigualdades regionais e fomente o desenvolvimento por igual da Nação, da educação que emancipa para a vida e prepara para o mercado de trabalho. Como disse o Eduardo Campos na entrevista, cuja frase abriu este artigo: “Não vamos desistir do Brasil, Eduardo, em sua memória e em nome do futuro dos Brasileiros”.

 

(*) MAURO MENDES é prefeito de Cuiabá e presidente do PSB de Mato Grosso.