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Criatividade para tratar um assunto sério foi o ingrediente principal utilizado pelos 18 vencedores do 2° Concurso de Desenho e Redação da Prefeitura de Cuiabá, premiados na tarde desta terça-feira (17). Os participantes, todos de escolas públicas municipais, tiveram cinco meses para desenvolver seu lado artístico e literário, usando o tema “Pequenas Corrupções: Diga Não!” como base para seus materiais finais. Orientados por professores, pais e diretores, estes jovens ganhadores trouxeram à tona uma temática pertinente e ainda pouco abordada entre os mais novos.

“Estamos certos de que a educação é a maior ferramenta de transformação social e por isso explorar a transparência pública é tão importante quando feita desta forma. Quando ouvimos a respeito de corrupção, somos levados a pensar em algo distante, que engloba apenas gestões públicas e autoridades de alto escalão no país. Mas ao trazermos esse assunto para o cerne estudantil, aplicando essa prática de forma perceptível no convívio das crianças e adolescentes, fica mais fácil incluí-las nesse processo de prestação de contas. Ao se envolverem com o tema de maneira criativa, esses alunos dão um passo à frente em direção à cidadania, entendendo que, mesmo tão jovens, seu papel para a construção de uma cidade mais correta é de suma relevância”, afirmou Marcelo Bussiki, controlador-geral do município.

O maior envolvimento das escolas neste ano também é um reflexo da importância dada à instrução de crianças e adolescentes em temas que envolvam toda a população, seja em nível local ou nacional. Nesta edição, o concurso contou com a participação de 25 unidades municipais e 116 alunos. E para que a escolha dos vencedores fosse feita de maneira justa, a iniciativa foi dividida em duas categorias, distribuídas conforme o nível de escolaridade. Os alunos do 1° ao 5° ano participaram apenas do concurso de desenho e os demais do 6° ao 9° ano participaram com a redação, todos concorrendo apenas com estudantes da mesma série.

Para o secretário municipal, envolver as instituições públicas nesse processo da transparência se tornou inerente ao desempenho das escolas, sendo um assunto que precisa ser vivido pelos pais, professores e alunos.

“Este concurso estimulou nas unidades o desejo de trazer os alunos para dentro do contexto social vivido por nosso país. Além disso, os pequenos atos de corrupção começam logo na infância, com situações como pegar algo emprestado do colega e não devolver, furar a fila do lanche e colar na prova. Se estes jovens são ensinados a respeito da ilegalidade dessas práticas encrustadas culturalmente na sociedade, eles não apenas se tornam incorruptíveis, pois aprenderam desde cedo, como serão capazes de exortar aqueles que foram pegos agindo de tal forma. E ao unirmos isso ao projeto “Escola Transparente”, usamos o papel transformador da educação para continuar transformando, gradativamente, o local em que moramos”, disse.

Segundo os pais e professores dos alunos premiados, tratar um assunto sério com tamanha leveza realmente permitiu que eles compreendessem a dimensão da corrupção e como podem se esquivar de práticas desse gênero. Além de marcar a vida destes estudantes, a experiência encheu diretores e familiares de orgulho e gratificação. “Sempre ensinamos o Felipe a respeito do que é certo e errado, mas sua participação no concurso o fez enxergar os riscos e consequências da corrupção em níveis ainda maiores. Estamos orgulhosos por vê-lo conquistar muito mais que um prêmio, mas sim o conhecimento aplicado”, revelou José Malriso Bortoleto, pai de Felipe Maurílio Bortoleto, estudante do 1° ano e 1° colocado na categoria Desenho.

Para Márcia Pinheiro, diretora da EMEB Raimundo Conceição Pombo Moreira da Cruz, escola em que Felipe Bortoleto frequenta, trabalhar temáticas dessa natureza já faz parte da rotina estudantil da instituição, o que refletiu na conquista de dois primeiros lugares e uma segunda posição, todas na categoria Desenho. “Ao longo deste ano os alunos têm trabalhado com um projeto intitulado ‘Identidade, Diversidade e Cidadania Global’, que envolve desde atos corruptos à aceitação do outro, rompendo com bullying e outros tipos de agressão. Por isso, trazê-los para essa abordagem da corrupção foi um processo natural, uma espécie de continuação de um extenso trabalho que desenvolvemos há meses”, contou a também docente.

Já para os vencedores da categoria Redação, o desafio de destrinchar um tema ainda novo para eles foi grande, mas muito bem recompensado com o aprendizado e a vitória conquistados. “Na minha dissertação eu abordei sobre como funciona a corrupção, tanto em níveis pequenos e grandes, além de contar da importância da mudança diante deste tipo de crime. Nós temos que dar o primeiro passo em direção a uma sociedade mais honesta”, revelou Elis Regina, 12, estudante do 7° ano da EMEB Francisval de Brito e ganhadora do 1° lugar.

Para o colega de escola e também vencedor da 1ª posição, Luiz Antonio França Escobar da Silva, “optei por abordar a corrupção como recurso evolutivo, explorando em proporções maiores um ato que começa com práticas pequenas, que muitas vezes julgamos serem inofensivas”, concluiu.

A solenidade de entrega da premiação contou também com a presença do controlador-geral do município Jairo Pereira Rocha e os secretários-adjuntos do Tesouro, Francisco Serafim de Barros, e de Previdência, Fernando Jorge Mendes de Oliveira.

Premiação

Os vencedores do 2° Concurso de Desenho e Redação contemplam apenas o primeiro e segundo lugar por série. A premiação para as primeiras posições de ambas as categorias consistiu em um PlayStation 2 com um controle, um fone de ouvido headset, um celular, um relógio digital de pulso e o certificado de premiação e reconhecimento da Prefeitura de Cuiabá. Já os segundo colocados foram premiados apenas com o videogame, relógio e o certificado.