Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano e Sustentável /

04 de Outubro de 2013 11h06

Artigo - Forças do atraso x forças do progresso

04/10/2013

Secom

Para se entender a administração de uma cidade, sempre é importante recorrer à verdade histórica. É a ciência histórica que nos faz compreender e nos colocar como cidadãos do presente vivendo, sobretudo, no complexo mundo urbano.

Todos os registros históricos nos mostram que a humanidade não evolui em bloco, de forma simétrica. Ao contrário, as forças do progresso sempre se confrontaram com as forças do atraso, em todas as épocas, de tal forma que mesmo a história moderna convive com elementos que nos remontam à pré-história. Até a ciência mais moderna convive com crendices dos tempos mais remotos.

Essa reflexão nos ajuda a entender melhor as dificuldades de se administrar a nossa Cuiabá aplicando, na prática, projetos, procedimentos, técnicas de gestão conectadas com a modernidade. E os exemplos campeiam pela cidade.

O prefeito Mauro Mendes e suas equipes de Meio Ambiente e de Serviços Urbanos, por exemplo, têm enfrentado energicamente o grave problema do lixo que a cidade produz, seja o doméstico, seja aquele produzido pela construção civil. Porém, encontra inúmeros setores da sociedade que se recusam a dar tratamento adequado para o lixo que produzem.

As forças do progresso colocam caminhões com alta tecnologia na coleta do lixo, define políticas, cria leis, dá tratamento ao aterro sanitário, procura manter limpas as ruas e avenidas, entre outras medidas; as forças do atraso, por sua vez, despejam seu lixo nos locais inapropriados gerando uma série de transtornos.

Não bastasse isso, muitas vezes, despejam, de forma acintosa, os seus dejetos em locais onde a prefeitura acabou de fazer a limpeza. Parece até que sentem certo prazer em destruir o pouco que se consegue fazer.

Conectadas a um espírito do passado lançam, diariamente, nas ruas asfaltadas, água servida retirada de piscinas ou usada para lavar pisos e calçadas. A lei, proposta pelas forças do progresso, não consegue eliminar as práticas daqueles a que a desrespeitam.

A prefeitura acaba de realizar o asfaltamento de uma determinada rua, faz o meio fio, mas as forças do passado não tomam a iniciativa de construir muros e calçadas para completar o trabalho de ordenamento e beleza do passeio público.

Esses exemplos poderiam ser multiplicados aos milhares. E como fazer com que as forças do progresso se sobreponham às forças do atraso?

Há que se lançar mão de um conjunto de instrumentos. Um deles é a adequação da legislação e dos instrumentos de gestão – o que vem sendo feito por esta e por outras administrações. Outro forte elemento é a educação – aliás, de todas as classes sociais.

Em Cuiabá não há qualquer classe ou estrato social que não tenha os seus bolsões de anacronismo. Mas não se trata de qualquer educação. Trata-se de entender que o processo educacional, conforme Antonio Gramsci, depende de uma combinação bem feita de dois elementos: força e consenso.

O consenso é produzido pelas diversas formas de conscientização, escolarização, convencimento sobre o certo e o errado; a força significa aplicar a lei, as normas e os instrumentos repressivos do poder público, que também são legais (multas, notificações, apreensões, judicializações, etc).

E é nesse sentido que a Prefeitura de Cuiabá vem trabalhando para que o progresso social suplante as formas arcaicas que emperram o desenvolvimento da sociedade.

 

Antonio Carlos Maximo é secretário municipal de Meio Ambiente de Cuiabá