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28 de Maio de 2012 09h58

Voluntária da EMEB Tancredo Neves ensina Libras às crianças do Educa Mais

28/05/2012

Tharyana Durigon - 3645-6578


A Escola Municipal de Educação Básica (EMEB) Tancredo de Almeida Neves é uma das 62 unidades de ensino público de Cuiabá que conta com o programa de escola em tempo integral (Educa Mais). Entre as diversas atividades desenvolvidas com os alunos, uma se destaca por não ser comum nas escolas: a aprendizagem da Língua Brasileira de Sinais (Libras).

A responsável por levar esta iniciativa à escola é a voluntária do Educa Mais, Emily Ortega. A vontade de aprender Libras surgiu quando ela passou a observar a forma com que uma amiga se comunicava com os pais, que são deficientes auditivos. Desde então, Emily se apaixonou e foi atrás de cursos voltados a esta linguagem. Como já havia trabalhado na Tancredo Neves, a voluntária conhecia uma aluna que também tem uma mãe com a mesma limitação, e então decidiu, junto à equipe gestora, ensinar o que aprendeu às crianças, promovendo a inclusão social. Dessa forma, no início deste ano, o projeto “Mãos que Falam” ganhou vida.

Ao contrário do que algumas pessoas possam imaginar, as Línguas de Sinais (LS) não são simplesmente mímicas e gestos soltos, utilizados pelos deficientes auditivos para estabelecer uma comunicação. Falar com as mãos requer estruturas gramaticais próprias.

Para Emily, o “Mãos que Falam” não é apenas a realização de um trabalho, mas uma contribuição para a sociedade em geral. “O Brasil é o país que tem a maior população surda do mundo. Então, eu resolvi começar a fazer a minha parte, e comecei aqui na escola com as crianças”.

A empolgação e a vontade dos alunos em aprender são perceptíveis para quem tem a oportunidade de acompanhar uma aula da “tia” Emily ou, até mesmo, uma apresentação produzida para as datas comemorativas. Em apenas alguns minutos de conversa com a turminha, os novatos em Libras mostraram como se diz “Oi!”. “Tudo bem?”, “Prazer em conhecê-lo(a)!”, “Você é muito bonito(a)!”, “Qual é o seu nome?” entre outras frases, além de cada um soletrar o seu próprio nome, mostrando como é que se faz cada letra do alfabeto.

E para mostrar que já estão afiados, fizeram apresentações de três músicas, com gestos sincronizados e expressões faciais que, em cada canção, conseguiam passar a beleza das mensagens até mesmo para quem é leigo no assunto.

“Este trabalho é excelente. Dentro das ações desenvolvidas aqui, a escola trabalha o tema ‘somos todos iguais nas diferenças’. Então, o Educa Mais fez esta interligação, trabalhando muito bem a questão da inclusão. A sugestão desta ação voltada à língua de sinais, com as crianças, veio em boa hora, e a escola com certeza acata todo trabalho que contribui para a aprendizagem e desenvolvimento dos alunos”, destacou a diretora da EMEB Tancredo Neves, Maria de Lourdes Pereira Neves.

Libras: vale à pena entender

As Línguas de Sinais não são universais, e a Libras tem sua origem na Língua de Sinais francesa. Cada país possui a sua própria língua de sinais, que é decorrente das influências da cultura nacional.

Além disso, as LS também possuem expressões que diferem de região para região, bem como na linguagem verbal, o que a legitima ainda mais como língua.

Os sinais são construídos por meio da combinação da forma e do movimento das mãos, e do ponto no corpo ou no espaço onde esses sinais são feitos.

Configuração das mãos: São formas das mãos que podem ser do alfabeto manual, denominado datilologia, ou outras formas feitas pela mão predominante, que para os destros é a direita e para os canhotos a esquerda, ou pelas duas mãos. Os sinais “desculpar”, ”evitar” e “idade”, por exemplo, possuem a mesma configuração de mão. A diferença é que cada uma é produzida em um ponto diferente no corpo.