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13 de Fevereiro de 2017 01h04

Secretaria de Educação elabora política de educação migratória

13/02/2017

Glaucia Colognesi

Jorge Pinho

A Secretaria de Educação de Cuiabá (SME) começou, nesta semana, a pensar e elaborar uma política de educação migratória, que nunca existiu na rede municipal de ensino. A SME já contratou professora para realizar este estudo que permitirá, dentre outras coisas, o mapeamento da comunidade estrangeira e de suas demandas.

Outro objetivo da política, é capacitar os professores e demais profissionais das escolas, creches e Centros Municipais de Educação Infantil (CMEI) para realizar o acolhimento humanizado e a efetiva inclusão das crianças haitianas na rede. As turminhas desses alunos estrangeiros também deverá ser preparada para que as crianças de diferentes nacionalidades possam interagir entre si sem qualquer choque cultural ou bulling.

"As crianças haitianas chegam na rede com dificuldades de comunicação, falando uma mistura do dialeto creoulo, francês, espanhol e português. Então os professores têm que ser preparados para lidar com isso", frisou Mabel.

A proposta também deve contemplar uma série de outras ações, dentre elas a constituição de uma equipe multidisciplinar na SME com intérpretes de línguas estrangeiras para dar todo apoio necessário às unidades que possuem crianças estrangeiras matriculadas. Além disso, essa preparação vai incluir debates de "como receber essas famílias, como entender a documentação dessas crianças, período de adaptação, entre outros", explicou a professora Mabel.

Ao receber em seu gabinete o presidente da Associação  dos Haitianos de Mato Grosso, Clesius Monestine, e comitiva de promotor e conselheiros de educação, a secretária Mabel Strobel anunciou a criação desta nova política de educação migratória. "Os haitianos são os novos cuiabanos e não são e nem serão discriminados ou preteridos por brasileiros na rede municipal de ensino. Os primeiros haitianos vieram ao Brasil em 2010, após terremoto que devastou a economia do país. Os filhos desses imigrantes nasceram aqui e são cuiabanos. Temos obrigação de acolhê-los", garantiu a secretária.

Vagas nas creches

Clesius entregou uma lista de uma dúzia de crianças haitianas que não conseguiram vagas nas creches da capital neste ano. A secretária prometeu rastrear estas inscrições e, analisar, conforme a classificação de cada uma, as probabilidades delas serem contempladas com vagas nas unidades de Educação Infantil. Mas garantiu que não haverá privilégios nem a brasileiros nem aos estrangeiros. Ela explicou que o chamamento dos que integram as listas de espera respeitará a ordem de classificação, fixada exclusivamente, por critérios estabelecidos pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), ou seja, a proximidade da casa da criança com a unidade para qual ela se inscreveu.

Ela esclareceu ainda que nunca houve qualquer discriminação de haitianos na distribuição das vagas nas creches e CMEI de Cuiabá. A diretora de Planejamento e Orçamento da SME, Conye Maria Bruno, também explicou que os haitianos participaram do processo de pré-matrícula web e concorreram em pé de igualdade com os brasileiros. "No ato de cadastrar-se no Portal Matrículas Web/Sigeduca não há sequer a declaração de nacionalidade. Tal informação só é registrada em uma segunda etapa do processo de matrículas wen, somente na entrega física dos documentos na unidade educacional", esclareceu a diretora.

Conye explicou aos haitianos que, enquanto não se encerrarem as matrículas, é impossível afirmar se nenhum haitiano tenha sido contemplado com vaga em creche, conforme alegam.

Haitianos na rede

No ensino fundamental ofertado pelas escolas municipais (EMEBs), há 31 haitianos matriculados neste ano letivo de 2017. Deste total, 28 são crianças. Uma delas, a pequena R.P., de 4 anos, frequenta o pré I na Escola Municipal Dr. Orlando Nigro. Ela está na rede, pelo menos desde o ano passado, quando frequentou o jardim II na creche municipal Santa Clara.