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23 de Julho de 2012 11h06

Escola Inclusiva: dados revelam avanços na rede municipal de ensino de Cuiabá

23/07/2012

Tharyana Durigon - SME (65) 3645-6578


Para que a educação avance e melhore a cada ano, é preciso pensar no coletivo. Ou seja, investir não apenas na estrutura ou na contratação de novos profissionais, mas ir além, observando tudo o que faz parte do meio educativo e que o torna, de fato, um lugar apropriado para ensinar.

O direito subjetivo à educação já faz parte da Constituição Federal desde 1988. No entanto, é importante ressaltar que educar não se limita apenas em aceitar e receber alunos nas unidades de ensino, sejam eles alunos com necessidades educacionais especiais ou não. A educação é um processo que se inicia na família, e é dever do Estado saber exercer o seu papel, desde o momento da acolhida destas crianças até o horário em que elas retornam às casas de seus familiares.

Quando o assunto é Educação Especial, a atenção deve ser ainda maior, levando em conta que cada aluno apresenta uma limitação diferenciada e, sendo assim, merecem um atendimento voltado à suas necessidades individuais e coletivas. Ao estabelecer um comparativo entre os anos de 2009 e 2012, torna-se visível que a Educação Especial está presente nos projetos e investimentos da Secretaria Municipal de Educação (SME). Em 2009, de acordo com dados do Educacenso, a rede municipal de Cuiabá atendia 535 alunos com algum tipo de deficiência. Hoje, os dados preliminares registram aproximadamente 800 crianças atendidas, com algum tipo de limitação. Destas, 524 recebem atendimento nas Salas de Recursos Multifuncionais (SRM), que hoje totalizam 46.

Além das salas e dos equipamentos, hoje a rede conta com 286 Auxiliares de Desenvolvimento Infantil (ADI’s), que atendem 309 alunos nas escolas; e 86 ADI’s em creches, responsáveis por 43 crianças. As creches contam também com o Atendimento Educacional Especializado (AEE), que é realizado duas vezes na semana, por meio do acompanhamento de professores especialistas que trabalham de forma itinerante.

Já nas escolas, o AEE acontece dentro da SRM, no contra-turno do período em que a criança estuda, ampliando a sua carga-horária no ambiente escolar. Vale destacar que este tipo de atendimento não é obrigatório, mas está à disposição dos alunos com deficiência, transtornos globais de desenvolvimento, e altas habilidades/superdotação. Cabe aos pais, ou responsáveis, levarem seus filhos para a escola para que eles façam uso dos recursos disponibilizados.

A rede conta, ainda, com o trabalho de 30 intérpretes da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), que atendem 41 alunos.

No mês de junho, foi implantado o projeto “Seja Especial para Alguém Especial”, que consiste em atender, inicialmente, 30 crianças e adolescentes de baixa renda, com autismo e Transtorno do Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH), por meio da equoterapia – método que utiliza o cavalo como recurso terapêutico para o desenvolvimento biopsicossocial de pessoas com deficiência. Idealizado pela primeira dama de Cuiabá, Norma Sueli Galindo, a iniciativa é uma parceria entre a SME e o Haras Twinbrothers.


Seminários

Para complementar a estrutura e o atendimento disponibilizado aos alunos com necessidades educacionais especiais, a coordenadoria de Educação Especial da SME realiza e participa frequentemente de seminários, oficinas e workshops, em busca de novas informações e atualizações teóricas e práticas acerca desta modalidade educativa.

Entre os meses de fevereiro e julho deste ano já foram realizados 14 encontros para os professores especializados, que atuam nas Salas de Recursos Multifuncionais, intérpretes, instrutores, gestores, entre outros, abordando diversas temáticas, tais como: “Papel da equipe gestora na escola inclusiva”; “Ensino da língua portuguesa para pessoas com surdez”; “Deficiência intelectual e deficiência múltipla”; “Tecnologia Assistiva”; “Processo de inclusão do aluno com deficiência”, entre tantas outras.

Em maio, Cuiabá recebeu, pela primeira vez, o workshop do projeto “Inspirados pelo Autismo”: “A Aprendizagem Social através da Interação Prazerosa”. A iniciativa de promover esta ação foi do empresário Rogério Fabian, que tem um filho autista e achou válido criar esta oportunidade para compartilhar, com educadores e outras famílias, conhecimentos sobre o assunto. A Secretaria Municipal de Educação patrocinou 16 vagas para educadores da rede participarem do workshop  e, dessa forma, se inteirarem mais sobre essa disfunção por meio da troca de experiências, vivências e conhecimentos.

Outro encontro relevante deste ano foi realizado no início do mês de julho. Durante uma semana, gestores e educadores de Cuiabá e de mais 44 municípios mato-grossenses tiveram a oportunidade de participarem do curso de “Formação de Gestores e Educadores do Programa de Educação Inclusiva: Direito a Diversidade”, por meio de uma parceria entre a SME e o Ministério da Educação (MEC), que trouxe palestrantes de outros estados para compartilharem e contribuírem com ações e ideias colocadas em prática nas escolas em que trabalham, além da troca de informações e conhecimentos válidos para aqueles que atuam na área.

Incluir é ter na escola a participação de todos os estudantes no ensino regular, e a educação inclusiva requer e precisa avançar ainda mais; porém, é importante pontuar que a complexidade presente nesta realidade faz deste processo um caminho um pouco mais lento e cauteloso, mas que, mesmo diante das dificuldades enfrentadas, mostra, por meio de ações e  estatísticas, que está sendo percorrido, priorizando, não apenas o aumento no número de atendimentos, mas a qualidade do ensino e a capacitação dos profissionais.

Outro ponto imprescindível para que a escola tenha sucesso nas atividades, elaboradas especialmente para estas crianças, é o interesse e o empenho da família em acompanhar o que é desenvolvido no meio pedagógico. O trabalho em conjunto melhora a aprendizagem; pois, a partir do momento em que esta é encarada com responsabilidade, tanto pelos professores quanto pelos familiares, se torna mais fácil para a criança aprender a lidar com suas limitações, uma vez que ela se sentirá segura na escola, ao receber o acompanhamento especializado, e com a família, que também saberá estimular e, ao mesmo tempo, respeitar o que a criança precisa ter no dia-a-dia para se sentir, de fato, inclusa.