Educação / FORMAÇÃO

24 de Agosto de 2019 09h00

Debates abordam importância da convivência e da solidariedade para o fortalecimento de uma educação mais inclusiva

24/08/2019

ADÃO DE OLIVEIRA e MARIA BARBANT

Jorge Pinho

Aconteceu no Hotel Fazenda Mato Grosso o Seminário Educação Étnico-racial: perspectiva inclusiva, diversificada e intercultural esta semana. Nesta sexta-feira (23) as conferências estão focadas na aprendizagem e desenvolvimento humano e na importância dos brinquedos e brincadeiras para o fortalecimento da educação inclusiva e a corporeidade no espaço escolar.

Durante todo o seminário, representantes dos fóruns de educação e diversidade étnico-racial se manifestaram em relação a convivência e a solidariedade, para o fortalecimento do processo dos direitos humanos e a educação. O presidente do Conselho Estadual de Promoção da Igualdade Racial de Mato Grosso, Manoel da Silva disse que existe um interesse legítimo da Prefeitura de Cuiabá em relação às questões que envolvem o negro, o índio e o imigrante, e a inclusão dos grupos, na promoção da educação. “Temos a Lei 10.639 e precisamos que o professor receba essa formação para que possa trabalhar o tema em sala de aula. O Brasil há muito tempo viveu a escravidão então é fundamental que os estudantes reconheçam a importância de continuar a luta por esse resgate histórico”, lembrou o ativista.

Da mesma forma, Edevander Pinto, representante do Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial de Cuiabá destacou questões ligadas ao negro que precisa ser valorizado em todas as suas frentes de lutas, a fim de resgatar seus direitos. “Para nós, do conselho, o seminário é de extrema importância, um espaço onde podemos promover as discussões e revisar a nossa história a fim de ampliar a luta do negro em Mato Grosso. Nesse processo, é fundamental o compromisso da gestão pública”, disse.

O líder indígena e conselheiro Escolar, Filadelfio de Oliveira, ao falar sobre diversidade e cenário político, disse que essa continua sendo a luta dos 43 povos indígenas ainda existentes em todo o estado. “Ficamos à mercê da história e no esquecimento. Precisamos, de fato, fortalecer o nosso povo, a nossa comunidade, principalmente as nossas crianças e a nossa cultura. A educação e o respeito são fundamentais nessa reflexão”, ressaltou o líder Umotina, ao lembrar que o povo índio vem sofrendo com ações que denigrem e aumentam o sofrimento das nações indígenas.

Em sua palestra sobre A Educação em Direitos Humanos e Cidadania, o professor doutor em Educação, Luiz Augusto Passos, disse que as questões da cidadania e educação não poderiam deixar de fazer parte dos debates e que, elementos fundamentais para entender as provocações da sociedade, num momento decisivo para a sociedade brasileira, que busca sua afirmação no tema. “Não existe cidadania fora da condição humana. Essa não é uma condição externa, não é algo que se põe nas pessoas, quem nasce em pele humana é humano, e tem direitos. Ter isso em mente implica toda dimensão de que a gente se põe na perspectiva de uma educação que se paute daquilo que é solidariedade, a convivência entre todos e os direitos humanos”, disse Luiz Augusto Passos, que vem trabalhando em diversas frentes de pesquisa voltadas ao tema na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).

Segundo o pesquisador, no atual estágio e cenário da educação pública brasileira, na qual está se construindo essa ponte de interesse social, há um esforço das populações negra, indígena, de migrantes e outros agentes sociais, que buscam essa justiça social por meio da boa convivência, da ternura e da esperança para todos. “Como trabalhar essas questões em sala de aula, no dia a dia da comunidade escolar, com alunos e professores, com servidores da educação e comunidade. Essa é o que a sociedade está nos perguntando. É mais difícil em sala de aula, por que pressupõe que os educadores corporifiquem aquilo que é da sua natureza humana, corporifiquem a sua dimensão política”, finalizou Passos.

 

Seminário

O evento, uma iniciativa do Ministério da Educação, promovido pela Prefeitura de Cuiabá, por meio da Secretaria Municipal de Educação, reuniu até sexta-feira (23), no Hotel Fazenda Mato Grosso, profissionais da Educação de 40 municípios do interior do Estado e da capital para discutir temas ligados aos direitos humanos e educação inclusiva.