Saúde / OUTUBRO ROSA

03 de Outubro de 2017 14h09

Unidade de saúde do Tijucal realiza força-tarefa visando à prevenção ao câncer de colo uterino

03/10/2017

OZIANE RODRIGUES

Visando a prevenção das doenças uterinas, a unidade do Programa Saúde da Família (PSF) do bairro Tijucal realizou um mutirão de exames "papanicolaou" em cerca de 80 mulheres, na segunda-feira (02).  Esse exame é a principal estratégia para detectar precocemente lesões que possam se tornar câncer de colo do útero que, se diagnosticado no início da doença, tem quase 100% de chances de cura.

Para se ter ideia, conforme dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca), o tumor de colo do útero atinge 16 mil mulheres no Brasil por ano. Isso o torna o terceiro tipo de câncer mais prevalente entre a população feminina.  O causador do problema é o chamado papilomavírus humano, conhecido como HPV. E segundo o Ministério da Saúde, ao longo da vida, 75% das brasileiras sexualmente ativas entrarão em contato com o vírus, sendo que o ápice da transmissão se dá na faixa dos 25 anos após o contágio. Desta forma,  ao menos 5% dessas brasileiras irão desenvolver câncer de colo do útero em um prazo de dois a dez anos.

Conforme a enfermeira chefe, Lucimara Magalhães embora os profissionais da unidade realizem o preventivo todas as terças e quartas-feiras, a ação, que ofertou também um café da manhã à população, foi pensada em alusão ao 'Outubro Rosa'  para conscientizar as mulheres que já estão com vida sexual ativa sobre a importância de se manterem em dia com a saúde do útero, sob pena de fazerem parte das estatísticas negativas.   

“Mesmo com todos estes índices, embora o exame preventivo seja indolor, simples e rápido, podendo no máximo, causar um pequeno desconforto, infelizmente muitas mulheres não dão a devida importância aos benefícios que ele pode trazer à saúde. Neste evento, pudemos conscientizá-las que o melhor é cuidar da saúde de forma preventiva, pois a doença é silenciosa e em cerca de 35% dos casos acaba levando à morte”, frisou.

Explicando que o exame também pode detectar infecções vaginais, como a candidíase, e IST, como a clamídia, a enfermeira Maria Geraldina Zacarkim,  explicou que para garantir não apenas o sucesso da ação, mas também os resultados corretos dos exames, semanas antes da ação, Agentes de Saúde e Endemias (ACE), realizaram uma busca ativa nos 13 bairros de abrangência da unidade de saúde, o que corresponde a cerca de 60 mil moradores.

“Para a realização do exame, as mulheres devem se atentar a algumas orientações como não ter relações sexuais (mesmo com camisinha) nos dois dias anteriores ao exame, evitar o uso de duchas, medicamentos vaginais e anticoncepcionais locais nas 48 horas anteriores à realização do exame. É importante também que não esteja menstruada, porque a presença de sangue pode alterar o resultado. Todas essas orientações foram repassadas pelos ACE no ato do convite. Isso contribuiu para o sucesso da nossa ação, pois nosso público alvo já veio preparado”, completou.

A profissional ainda ressaltou que, em consequência da demanda, os resultados estarão disponíveis em até 30 dias. "Caso a paciente apresente alteração será encaminhada para outro exame mais especializado e, nos casos de diagnósticos para câncer, imediatamente encaminhada para especialistas oncológicos do Sistema Único de Saúde da Capital (SUS)".

A técnica de manutenção e infra-estrutura, Nelsa Quintino de 61 anos, reconhece os riscos à saúde e segue rigorosamente os exames de rotina. Parabenizando a equipe e estrutura médica do PSF, avalia que  a ação de mutirão deve ocorrer mais vezes.

“Está sendo maravilhoso, olha quantas mulheres estão vindo e aprendendo que com a saúde do corpo não se brinca. Os índices de câncer estão cada vez mais altos, não podemos brincar com coisa séria. Parabenizo a equipe de saúde e torço para que este evento aconteça mais vezes para beneficiar mais pessoas que trabalham. Pois com o convite dos Agentes de Saúde, nós nos organizamos e pudemos comparecer em peso”, finalizou.  

As profissionais ainda ressaltaram que os sintomas do câncer do colo do útero só aparecerão em fase já adiantada da doença: sangramento e dor nas relações sexuais.

Portanto é preciso estar atenta às dicas do Instituto Nacional do Câncer:

Quem deve fazer e quando fazer o exame preventivo?

Toda mulher que tem ou já teve vida sexual deve submeter-se ao exame preventivo periódico, especialmente as que têm entre 25 e 59 anos. Inicialmente, o exame deve ser feito anualmente. Após dois exames seguidos (com um intervalo de um ano) apresentando resultado normal, o preventivo pode passar a ser feito a cada três anos.

Como é feito o exame?

· para a coleta do material, é introduzido um instrumento chamado espéculo na vagina (conhecido popularmente como “bico de pato”, devido ao seu formato);
· o médico faz a inspeção visual do interior da vagina e do colo do útero;
· a seguir, o profissional provoca uma pequena escamação da superfície externa e interna do colo do útero com uma espátula de madeira e uma escovinha;
· as células colhidas são colocadas numa lâmina para análise em laboratório especializado em citopatologia.

Se o exame acusou:

• Negativo para câncer: se esse for o primeiro resultado negativo, a mulher deverá fazer novo exame preventivo um ano depois. Se ela já tem um resultado negativo no ano anterior, deverá fazer o próximo exame preventivo daqui a três anos;

• Alteração (NIC I): repetir o exame seis meses depois;
• outras alterações (NIC II e NIC III): o médico decidirá a melhor conduta. A mulher precisará fazer outros exames, como a colposcopia (exame feito com o colposcópio: aparelho com lentes de aumento e câmera para visualizar o colo do útero, vagina, períneo);

• infecção pelo HPV: deverá repetir o exame seis meses depois; 
• amostra insatisfatória: a quantidade de material não deu para fazer o exame. Ela deve repetir o exame logo que for possível.
Independente desses resultados, a mulher pode ter alguma outra infecção que será tratada. Deve seguir o tratamento corretamente e, às vezes, pode ser preciso que o seu parceiro também receba tratamento. Nesses casos, é bom que ele vá ao serviço de saúde receber as orientações diretamente dos profissionais de saúde.