Saúde / Conscientização

27 de Julho de 2016 16h11

Roda de conversa discute o racismo e a violência contra as mulheres negras

27/07/2016

MICHELLE CANDIDO e MARIA BARBANT

Divulgação_SMS

Arquivo

A Coordenação de Programas Especiais da Secretaria de Saúde de Cuiabá, por meio dos Programas da Saúde da Mulher e Saúde Integral da População Negra realizou uma roda de conversa em comemoração ao dia Nacional da Mulher Negra. O evento aconteceu na Casa dos Conselhos, com o tema Vivenciando o Racismo e a Violência contra as Mulheres Negras.

A iniciativa reuniu representantes do Movimento Negro, Poder Judiciário, Educação, Conselho Regional de Enfermagem (Coren-MT),  instituições hospitalares e profissionais da rede pública de saúde de Cuiabá.

A programação contou com orientação do presidente da Comissão da Igualdade Racial da Seccional de Mato Grosso da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-MT), Augusto Cesar de Carvalho, que explicou o que é direito racial, o que é racismo, como proceder diante de um caso de racismo, quais os direitos e deveres da população.

Durante do evento a arte-educadora Bia Correa, técnica do Programa DST-Aids da Atenção Secundária e Cristóvão Luiz, militante do Movimento de Inteligência Negra fizeram respectivamente uma performance,  com o tema mulher negra, e declamaram poesias. Uma exposição de telas com temas da cultura africana e uma oficina de turbantes, finalizaram o evento.

Para a coordenadora de Programa Especiais da Diretoria de Atenção Básica, Oriana Frutuoso Flumignan, é relevante realizar essas rodas de conversas para que as pessoas entendam a importância de se discutir sobre racismo e violência contra a mulher.

“Em relação à Secretaria de Saúde esse foi o primeiro passo para que possamos fomentar as discussões para implantação da política da população negra no nosso município”, explicou  ela.

Durante a roda de conversa os temas debatidos foram racismo institucional, violência obstétrica, violência contra mulher, racismo na religião, desigualdade no trabalho, discriminação no atendimento hospitalar, acolhimento, mortalidade materna, desigualdade salarial, humanização no parto, doenças especificas da população negra e descriminalização.

A coordenadora de Programas Especiais da Secretaria de Saúde de Cuiabá, explicou que em Cuiabá, existe um movimento visando a implantação  da política integral da população negra, e uma das questões percebidas  através de estudos, e que deve ser inserida nas políticas públicas é a violência obstétrica,  ainda presente nas instituições de saúde, diante disso esse foi o tema escolhido para ser trabalhado nos grupos de pré – natal.

“A violência obstétrica é muito silenciosa, porque a população ainda não tem a clareza do que é, alguns exemplos de violência obstétrica é por exemplo a imposição do tipo do parto que a mulher vai ter, usar determinados termos durante o trabalho de parto como, “na hora de fazer estava bom e agora está reclamando”, discriminação com as características da criança quando nasce, comentários e piadas no durante o parto e violência física que as mulheres sofrem no momento do trabalho de parto”, esclareceu Oriana Frutuoso Flumignam.

Para Nara Nascimento, enfermeira da Atenção Básica e ativista do Movimento Negro,  facilitadora da roda de conversa, disse que essas questões e outras precisam ser discutidas com as mulheres, com a participação dos profissionais da Saúde.

“Através das rodas de conversa podemos sensibilizar os profissionais em relação às questões étnicos raciais, para colocar em prática o conhecimento adquirido no seu cotidiano, para que o SUS se torne universal, equânime, e assim a população negra seja tratada com humanização”, declarou Nara Nascimento.

“Discutir ações afirmativas que diminuam a discriminação racial e de gênero é muito importante, as mulheres negras do Centro – Oeste estão em pior estado de exclusão, nos queremos o emponderamento dessas mulheres negras, queremos ações afirmativas de políticas públicas concretas que diminuam o impacto dessa descriminalização”, afirmou Antonieta Luisa Costa, presidente do Conselho Estadual de Promoção a Igualdade Racial (CEPIR) e militante ativista do movimento de mulheres negras de Mato Grosso.

No decorrer desta semana dando sequencia as comemorações pelo dia Nacional da Mulher Negra, as unidades regionais do Pedra 90, Altos da Serra, Renascer e Ribeirão do Lipa irão realizar rodas de conversar com o tema violência obstétrica.

Nesta quinta-feira (28) a roda de conversa acontece no PSF Renascer, às 14h30min e sexta-feira (29), no PSF Ribeirão do Lipa, no mesmo horário. Na tewrça-feira (26), a roda de conversa reuniu crianças, jovens, adultos e idosos no PSF V e VI do Pedra 90.

Entre os pontos positivos sinalizaram rede cegonha, compreensão de fluxo, humanização mais ainda falta informação do que realmente seja a violência obstétrica e do papel do enfermeiro obstetra nessa assistência e no parto.