Saúde / HUMANIZAÇÃO

21 de Novembro de 2021 06h25

Programa AMOR amplia atendimento para mais duas comunidades rurais; quase 300 famílias beneficiadas

21/11/2021

CELLY SILVA

Arquivo

Quase 300 famílias passaram a ser contempladas pelos serviços prestados pelo Programa AMOR – Assistência Médica e Odontológica Rural, nessa quinta-feira (18), na comunidade Parque das Siriemas (região do São Gerônimo) e no Assentamento Monte Sinai (próximo ao Residencial Buriti). Com isso, o programa passa a atender 20 comunidades rurais de Cuiabá. 

As duas equipes do AMOR se deslocaram logo nas primeiras horas do dia, cada uma para uma comunidade. Chegando lá, foram recebidos pelos moradores, cerca de 50 pessoas compareceram em cada local de atendimento, onde foram feitos os cadastramentos de todos, triagem, aferição de pressão, peso e temperatura, teste de glicemia, consulta, entrega de medicamentos para quem já tinha receita médica, encaminhamento para exames, atualização da caderneta de vacinação. Também foram disponibilizados testes de Hepatite B, sífilis, teste de antígeno para detecção de covid-19 e também foi feito o cadastramento daqueles que ainda não se vacinaram contra a doença para que sejam vacinados na próxima visita da equipe, que ocorreu nesta sexta-feira (19). Cada equipe é composta por médico, cirurgião dentista, enfermeira, assistente social, técnico de enfermagem, técnico de saúde bucal e motorista. 

No assentamento Monte Sinai, que existe há 15 anos e onde vivem mais de 130 famílias, várias delas compareceram ao primeiro dia de atendimento de saúde, que ocorreu no rancho da Associação de Pequenos Produtores Rurais Monte Sinai. Todos foram informados previamente pelo presidente da associação, através do grupo de WhatsApp da comunidade. A agricultora Cleonice Souza Silva mora há 4 anos no local e conta que era grande a dificuldade para conseguir ser atendida. “A gente tinha que sair procurando os postos. Eu consultava no Alvorada porque eu tenho uma irmã lá e usava o endereço dela. Já fui no Ilza Terezinha Picolli. Consultei também no Barreiro Branco. Essa equipe vai nos ajudar porque a gente não tem posto de saúde ainda. Tem que sair pela cidade procurando um médico, pra conseguir pegar um remédio. Para nós vai ser bom demais. Vai ter dentista, vacinas. Para nós vai ser uma benção”, conta.

A coletora de material reciclável, Maria Ramilza de Oliveira, foi com as filhas de criação Esther, 9, e Elizabela, 6. As três passaram pela triagem e consulta, atualizaram o calendário vacinal e receberam as orientações para fazer coleta de exames na visita seguinte da equipe. “Fazia quase um ano que não passava por uma consulta médica. Com certeza agora vai melhorar, já é mais um ganho nosso”, afirma. 

Quem também aproveitou a oportunidade foi o casal Hercília Gomes Antunes, 72, e Malvino Antunes, 71. Ele conta que foi em busca de encaminhamento para a esposa, que tem problema de saúde ainda não identificado que dificulta a respiração da idosa. Segundo ele, desde o início da pandemia, o casal praticamente não sai da comunidade e a idosa estava há 2 anos sem ir ao médico. Ambos já estão imunizados contra  a covid-19. “Ela não quer ir na cidade para evitar pegar doença e aí fica difícil até da gente conseguir uma consulta, só vamos no caso de estar muito ruim. O que dá pra ir passando, a gente vai passando. Mas eu estou vendo que ela precisa de uma consulta porque ela é uma pessoa que já sofreu um AVC, ficou com sequela na perna e pode ser que o médico tenha algum atendimento para isso. Ela também não tomou a vacina da gripe e aqui vai aplicar. Vamos fazer exames. Eu, por exemplo, nunca fiz exame de próstata e o enfermeiro já fez o pedido. Eu nunca tomei remédio pra pressão e ele achou minha pressão alta, vai monitorar”, contou. 

Sobre a comunidade passar a ser atendida mensalmente pelo programa AMOR, o idoso comemorou. “Eu achei bom demais! Vai ser uma coisa ótima porque a gente mora longe da cidade, precisamos demais! A gente tem que agradecer muito que os governantes estão dando apoio pro povo”. 

De acordo com o presidente da Associação de Pequenos Produtores Rurais Monte Sinai, Aécio do Nascimento, popularmente conhecido como Japão, a maioria dos moradores da localidade vive da agricultura familiar e da coleta de material reciclável no aterro sanitário que fica próximo à comunidade. Para conseguir atendimento médico, eles costumavam buscar unidades básicas de saúdes na região do CPA, 1º de Março, Novo Paraíso, Residencial Ilza Terezinha Picolli, entre outros. “Agora nós começamos a ter uma referência. Isso melhora a auto estima de todo mundo porque a gente vive aqui à margem de todos os benefícios públicos porque estamos longe e esse projeto foi uma bênção pra nossa comunidade. O prefeito acertou nessa situação para atender a gente que fica distante do centro, ainda mais na área de saúde que é tão importante para as pessoas carentes”, avalia. 

De acordo com o enfermeiro Marcelo Coelho, o atendimento em cada comunidade ocorre em dois ou três dias consecutivos, com a triagem no primeiro dia e as consultas e coletas de exames nos dias seguintes, pois os pacientes precisam receber as orientações sobre o preparo para os procedimentos. “Para fazer os exames, os pacientes têm que vir em jejum. Geralmente esses exames ficam prontos em 10 a 15 dias e esse é o tempo que a gente tem para atender outras comunidades e retornar para fazer o monitoramento. A grande vantagem do programa AMOR é a continuidade, pois estamos todos os meses nas comunidades e, com isso, a gente consegue prevenir vários problemas de saúde e tratar para não surgir complicações”, afirma. 

Conforme o coordenador do programa AMOR, Ivo Razzini, a ampliação das comunidades atendidas foi possível após um remapeamento das comunidades, aliada às adequações na logística e apoio dos coordenadores da rede de atenção primária da Secretaria Municipal de Saúde. “Desde o ano passado, percebemos que já estávamos com tendência de crescimento. Fui pedindo para os colegas da Secretaria que conhecem as comunidades que nos informassem locais onde havia a demanda e a gente passou a adequar no nosso calendário. A gente verifica se realmente existe a demanda, se o local conta com uma estrutura mínima para a gente poder trabalhar, pelo menos um local coberto, e passamos a atender”, informa.