Saúde / GRUPOS TERAPÊUTICOS

20 de Julho de 2017 18h24

Profissionais de saúde de Cuiabá são capacitados pelo Programa Nacional do Tabagismo

20/07/2017

HUGO FERNANDES

DAVI COUTO VALLE

Arquivo

As conseqüências do tabaco são múltiplas. Na mesma escala, se multiplicam os ‘Grupos Terapêuticos de Abordagem Intensiva ao Fumante’ em Cuiabá. Ao todo, já são 24 implantados nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) e nos Programas Saúde da Família (PSF) nos últimos dois anos. No próximo mês outros dois – os primeiros em comunidades rurais - darão início às atividades. Só que, para isso, cerca de 50 profissionais que atuam nessas e em outras unidades foram capacitados pelo Programa Nacional do Tabagismo, nesta quinta-feira (20).   

São médicos, enfermeiros e dentistas que em breve passarão a ter uma nova e difícil incumbência; ajudar pessoas que querem apagar de vez o cigarro de suas vidas, para que o contrário aconteça. Um pouco mais além ainda está a missão de Brenna Bianka de Souza, Responsável Técnica pelo Programa em Cuiabá. É ela quem atua diretamente junto às equipes multidisciplinares para a implantação dos grupos de acolhimento e tratamento dos dependentes, como as que passarão a atender logo mais as comunidades Coxipó do Ouro e Nossa Senhora da Guia.

“A participação da família é fundamental nesse processo. Contamos muito com o apoio das pessoas mais próximas do dependente, pois sabemos que sozinho é bem mais difícil. Mas, acima de tudo, considero que 80% depende única e exclusivamente do próprio paciente. É ele quem tem que querer verdadeiramente deixar o vício. Nós, os profissionais, estamos aqui para ajudá-los com palestras, atividades, orientações e no tratamento”, pontuou.

Para isso, o Ministério da Saúde fornece gratuitamente os medicamentos necessários para o tratamento, como a Bupropiona, adesivos de nicotina e goma de mascar. De acordo com Brenna, mais de 700 estão em tratamento neste momento contra o tabagismo, nas quatro regiões da Capital, havendo uma taxa de sucesso de aproximadamente 60%. “É um percentual considerado bom. É claro que gostaríamos que 100% dos pacientes deixassem de vez de fumar, mas também compreendemos as dificuldades de cada um”.

Hellen Correa da Costa Barros é dentista da Clínica da Família do bairro CPA I, onde recentemente foi implantado o primeiro grupo terapêutico. Ela afirma que sempre procura enfatizar aos seus pacientes sobre os malefícios causados pelo uso contínuo do tabaco. “Além do câncer de boca, o cigarro causa o mau hálito, manchas nos dentes e ‘periodontite’ grave, causando danos nos dentes, gengiva e ossos”, explicou.

Consequências - o tabagismo é hoje considerado uma pandemia silenciosa, uma vez que a cada ano morrem cerca de 5,4 milhões de pessoas em todo o mundo de doenças relacionadas ao tabaco. Apenas no Brasil, cerca de 200 mil pessoas por ano morrem em conseqüência desse vício, também reconhecido como uma doença epidêmica que causa dependência física, psicológica e comportamental. Estudos evidenciam que o consumo causa quase 50 doenças diferentes, principalmente as cardiovasculares, o câncer e as doenças respiratórias obstrutivas crônicas (enfisema e bronquite).