Saúde / PROTOCOLO

19 de Julho de 2017 10h41

Cuiabá implanta modelo de atendimento visando conter epidemia de sífilis

19/07/2017

HUGO FERNANDES

Para evitar uma epidemia de sífilis em Cuiabá, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) concluiu o processo de implantação do protocolo de atendimento aos portadores da Infecção Sexualmente Transmissível (IST) neste mês. A sistematização, que servirá de modelo aos outros municípios do Estado, criou nas redes de atenção primária, secundária e terciária da Capital um processo de acolhimento, diagnóstico, tratamento e cura dos pacientes.     

A principal mudança no tratamento da doença resulta da nota técnica publicada no dia 21 de junho deste ano pelo Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), sobre a importância da administração da ‘penicilina benzatina’ nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) do Sistema Único de Saúde (SUS). Automaticamente, a partir de então, o medicamento passou a ser administrado também por profissionais de enfermagem, mediante prescrição médica ou de enfermagem. O remédio é o único comprovadamente eficaz no combate à bactéria ‘Treponema Pallidum’, causadora da doença.

A implantação do protocolo iniciou no último dia 20 de junho, por meio da capacitação de 318 trabalhadores, entre profissionais de enfermagem e médicos. “Existia o mito de que o profissional de enfermagem não estava habilitado a aplicar benzetacil. A nota técnica esclareceu que não há necessidade de médico nas unidades de saúde para a administração do medicamento”, observou Liney Maria Araújo, enfermeira do Serviço de Assistência Especializada (SAE) e do Hospital Universitário Júlio Muller (HUJM).  

O SAE junto com o Centro Estadual de Referencia em Média e Alta Complexidade (Cermac) e o HUJM são as unidades de referência no tratamento e acompanhamento dos pacientes soropositivos, com Hepatites Virais e IST em Cuiabá. A unidade, localizada no bairro Grande Terceiro, possui uma equipe multiprofissional formada por médicos, dentistas, nutricionista, farmacêuticos, assistentes sociais, psicólogos, enfermeiros, técnicos em enfermagem e técnicos de saúde bucal.

Dados do Boletim Epidemiológico de 2016 revelam que entre os anos de 2014 e 2015, a sífilis congênita, que pode provocar complicações graves, inclusive cegueira e morte do bebê, teve um aumento de 19% em todo o país. Contudo, a IST é adquirida por meio da relação sexual sem uso de preservativo pelas mães, podendo ser detectada por testes rápidos disponíveis no SUS, com resultado em até 20 minutos. Se o diagnóstico for feito com antecedência ou nos exames de pré-natal, é possível evitar a transmissão para o feto.

Cuiabá – Dados da Vigilância em Saúde revelam um aumento de 35% no número de notificações de casos de sífilis em gestantes entre os anos de 2015 e 2016, saltando de 55 para 74. Já a sífilis congênita apresentou uma redução de 33%, passando de 79 para 53. Neste ano, foram registrados 28 e 14 casos respectivamente. “Analisando friamente os números, avaliou a existência de uma subnotificação dos casos. Portanto, acredito que o protocolo também ajudará a combater essa situação”, pontuou Araújo.