Saúde / SAÚDE MENTAL

17 de Novembro de 2017 10h12

CAPS - AD realiza oficina de bonecas Abayomi em alusão ao ‘Dia da Consciência Negra’

17/11/2017

OZIANE RODRIGUES

Davi Valle

Arquivo

Antecipando as comemorações do próximo dia 20, ‘Dia da Consciência Negra’, familiares de adolescentes que estão em tratamento para livrar-se da dependência química no Centro de Atendimento Psicossocial Álcool e Droga (CAPS – AD), participaram na tarde desta quinta-feira (16), de uma Oficina de bonecas Abayomi.  

A boneca foi criada com o objetivo de acalmar as crianças durante o transporte de escravos da África para o Brasil, e tornou-se símbolo da cultura africana ressaltando a força das mulheres negras na época da escravidão. Para a confecção, as mães rasgavam um retalho de suas roupas e, com tranças e nós, criavam as pequenas bonecas que serviam de amuleto de proteção para os pequenos. Desde sua origem, o artefato não possui demarcação de olho, nariz e boca, pois simbolizam as múltiplas etnias africanas. As bonecas ganharam o nome de “Abayomi”, que em yorùbá (idiomas falados na Nigéria)  significa encontro precioso.

A instrutora de teatro e oficinas do CAPS – AD, Eliz Correia, explicou que além da disseminação da cultura, a escolha da oficina visou reforçar o laço familiar dos adolescentes em tratamento haja vista o significado histórico da Abayomi.

“Elas são símbolos da resistência, do poder feminino, da tradição e contribuem para o reconhecimento da herança cultural afro-brasileira. Acredita-se que dar uma boneca Abayomi a alguém é um gesto de amor e carinho e os familiares dos atendidos aqui no CAPS precisam de forças para repassar esse amor aos seus filhos de forma a ajudá-los a saírem desse momento difícil. Por isso, trouxemos esta temática para a oficina”, frisou.

Célia Ferreira Marques, de 66 anos, afirma que além dos aspectos ressaltados pela instrutora, a oficina funcionou como uma terapia. “Gostei muito de aprender a fazer essa linda boneca que serve tanto para presentear, quanto para ganhar uma renda extra. Mas, o mais importante, é que a oficina funcionou como uma terapia para nossa mente, contribuindo para o bom andamento do nosso estado psicológico”, reforçou.

A gerente do CAPS – AD, Rosileide Capilé, aproveitou a ocasião para lembrar que a unidade realiza rotineiramente outras atividades que cooperam para a saúde mental tanto dos internos, quanto de seus familiares.

“Trabalhamos com musicalidade, teatro, artes diversas, pintura em tela, em artefatos, transformamos materiais recicláveis em artesanatos, entre outras oficinas. Tudo sempre voltado para o bem estar das famílias de nossos atendidos. Afinal, elas também precisam de nosso suporte para superar os obstáculos da desintoxicação da dependência do álcool e da droga vivida pelo seu dependente”, completou.