Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano e Sustentável / PATRIMÔNIO

22 de Fevereiro de 2018 15h53

Arqueologia apresenta relatório sobre as obras do Pac Cidades Históricas

22/02/2018

ALESSANDRA BARBOSA

Davi Valle

Arquivo

O secretário de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano, Juarez Samaniego recebeu na tarde desta quarta-feira (21), um grupo de técnicos envolvidos na realização das cinco obras que fazem parte do Programa de Aceleração do Crescimento - PAC Cidades Históricas. Na reunião eles alinharam uma serie de ações já previstas, para a readequações nos projetos, devido aos resultados positivos em relação a descoberta de fragmentos arqueológicos nos locais das obras.

Representantes do Instituto do Patrimônio Histórico e Artistico Nacional (Iphan), Caixa Econômica Federal, Archaios Engenharia, Archeo Pesquisas Arqueológicas e engenheiros do município ouviram atentamente o diagnóstico relatado pelo arqueólogo do Iphan, Francisco Forte Stuchi, que explicou todo o processo de consumação dos trabalhos realizados até o momento.  De acordo com o arqueólogo o Pac Cidades Históricas aconteceu no Brasil todo, e como é um projeto muito novo, o Ministério da Cultura (MinC) elaborou os termos de referências do Programa para que não houvessem problemas com o Ministério Público.

Desde o princípio foi previsto no caderno de encargos, quatro etapas para realização dos serviços. A primeira diz respeito ao protocolo do projeto que conta com os serviços de diagnóstico, prospecção, monitoramento e resgate (se for o caso). Na segunda etapa,  quando houvesse a remoção do piso, onde fosse possível, está prevista a prospecção, ou seja, a sondagem para ver se existe no local algum tipo de vestígio ou estrutura.

“Este segundo serviço, realizado pela Archeo, teve o parecer concluído nas três praças. A empresa acompanhou e apresentou o resultado dessa prospecção. Só temos uma observação que termos que aguardar a análise do material, mas isso não impede o andamento da obra”, ressaltou Stchi.

A terceira etapa dos serviços é o monitoramento e resgate, concluído nas Praças Dr. Alberto Novis,  Senhor dos Passos e paralisado na Escadaria do Beco Alto (porque o monitoramento se faz quando a obra está andando).

Serviços realizados - Explicando a ordem cronológica dos fatos em relação aos três patrimônios, na Praça Senhor dos Passos foi concluído o trabalho de arqueologia e não foi encontrado nenhum vestígio arqueológico, portanto, a obra segue normalmente, tanto que já foi até concretada e, deve ser a primeira a ser entregue.

Na Praça Doutor Alberto Novis, além de cerâmicas e outros fragmentos arqueológicos, também foram certificados que o piso do local, original, é de quartzo branco. A sugestão nesse caso, é fazer um painel no chão, em um espaço dimensionado para exposição. A Archeo escavou alí,  20 metros quadrados e 40 cm de profundidade. “Podemos imaginar uma Cuiabá de ruas brancas, por causa das minerações, porque conta do ouro que vinha daqui. E, acho que essa preservação histórica tem muito a ver com a Cuiabá dos 300 Anos. Por baixo desse solo está concentrado um grande patrimonio”, ressaltou a arqueóloga Suzana Hirooka, responsável pela Archeos. 

Na escadaria do Beco Alto foi identificada a pavimentação de quartzo branco. A obra está sendo acompanhada pela Archeos que passou a fazer a evidenciação dessa estrutura para fazer os registros. A sugestão para o local seria que se fizesse um restauro, que corresponde a Cuiabá do século 19, originária das antigas minerações. Uma das propostas é manter a escadaria normal e deixar uma parte em vidro para que apareça o piso original, para apreciação. Para isso, será preciso fazer uma readequação no projeto por parte da engenharia, o que levaria um pouco mais de tempo para a entrega da obra. 

Portanto, as obras da Alberto Novis e da Escadaria do Beco Alto não estão paradas por conta da arqueologia, e sim por há uma necessidade na adequação do projeto de engenharia e arquitetura, e deverá se aproveitar estas descobertas para valorizar o arqueológico.

Conforme o secretário Juarez Samaniego para realizar tudo isso será necessário fazer uma readequação completa não só no projeto mas também no seu orçamento. O que onera o valor da obra.

“Nos reunimos, aqui para chegarmos a um consenso, a partir do conhecimento deste relatório com a análise arqueológica e, sabermos de que maneira a Prefeitura em comum acordo com o Iphan e a Caixa Econômica, deverá atuar para valorizar estas descobertas, de maneira viável, e que dê destaque a este resgate histórico para nossa Capital”, pontuou Samaniego.

Ao final do encontro ficou decidido que a Arquiteta e Urbanista da Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano Francielle Marca Toledo Pizza, responsável pela supervisão da Obra  e a Arqueóloga Suzana Hirooka iriam fazer uma visita “in loco” para planejamento do novo projeto de adequação desses patrimônios.

Diante dessas informações as equipes arqueológicas acreditam que a Praça da Mandioca, que está sendo acompanhada no momento, também deverá revelar boas surpresas nas escavações.