Educação / FORMAÇÃO

23 de Agosto de 2019 11h00

As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-raciais também foi tema de seminário

23/08/2019

ADÃO DE OLIVEIRA e MARIA BARBANT

Jorge Pinho

Arquivo

A professora, doutora em Educação, Suely Dulce Castilho abordou o tema: Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Racial para o Ensino de História e Cultura  Afro-brasileira e Africana, durante seminário que reúne 500 profissionais da Educação e representantes de instituições e fóruns ligados à Educação e Diversidade.

Para Suely Dulce Castilho, da Universidade Federal de Mato Grosso a questão reflete a necessidade, por meio de documentos curriculares, desde 2004, de se pensar as relações do negro na sociedade brasileira, sobretudo a inclusão no processo educativo, de forma que ele tenha acesso, permanência e condições de êxito. “Por que o pensamento é de que a escola seja um espaço em que os estudantes negros, marginalizados socialmente, ganham espaços, visibilidade e consigam condições para galgar lugares e posições importantes e terem sua cor e características respeitadas”, disse a pesquisadora.

O pensamento é de que essa prática seja capaz de desconstruir o racismo e o negativismo impostos ao negro ao longo da história. Para ela, a escola, nesse caso, é reconhecida como um espaço de recomposição da autoimagem, do auto conceito e da autoestima dos negros, além de ser instrumento para que eles ocupem lugares socialmente reconhecidos, e tenham direitos como os não negros.

De acordo com Suely Dulce Castilho houve uma regressão na política de igualdade, quando havia um gestor preocupado com a situação dos povos menores socialmente. Foi nesse no bojo desse contexto que foram construídas todas as políticas curriculares de apoio, inclusão do negro, além de outras políticas de cotas e afirmativas. “Atualmente essas conquistas estão sofrendo graves ameaças, como  por exemplo a desconstituição da Secretaria da Diversidade Étnico-racial, fato que provocará um dano profundo para as discussões”, disse ela.

Responsável pela orientação de mestrandos e doutorandos pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Suely Castilho fez uma reflexão, no que se refere a marginalização do tema, em que o estado trata a questão, não se importando com seus agentes. “Um exemplo crucial é o corte de recursos tanto para a educação básica, quanto para as universidades, quanto para os projetos de pesquisas, e de eventos como este, que divulga e coloca as questões em debate”, considerou.

Na opinião da pesquisadora estamos vivendo um retrocesso profundo, e estudantes, cientistas e outros grupos sociais, devem se posicionar em sinal de resistência e luta em relação a essa situação. “A luta do movimento negro e de outros grupos por espaços, educação, reconhecimento, pessoal e dos seus direitos humanos, em especial dos negros, existe a muitos anos e estão sendo desconstruídos novamente”, concluiu Suely Dulce de Castilho.