Cultura, Esporte e Lazer / REUNIÃO NO MPF

13 de Maio de 2019 13h14

Projeto do Museu Índio passa por readequações e obra deve ser retomada em 2019

13/05/2019

ANDRÉ GARCIA SANTANA

Davi Valle

Fechado para reforma há quase seis anos, o Centro Cultural Ykuiapá, mais conhecido como Museu do Índio, deve ter as obras retomadas ainda neste ano. A readequação de seu projeto arquitetônico foi discutida na última sexta-feira (10), em reunião entre representantes da Prefeitura de Cuiabá, Ministério Público Federal (MPF), Fundação Nacional do Índio (Funai) e Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). 

De acordo com o secretário de Cultura, Esporte e Turismo, Francisco Vuolo, a planta será alterada pelo Instituto de Planejamento e Desenvolvimento Urbano (IPDU) e apresentada ao IPHAN em um prazo de 90 dias. As melhorias são custeadas por recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) Cidades Históricas. 

“Assim como ocorreu com outros diversos projetos do PAC, tivemos que readequar projetos elaborados em outra gestão porque foram constatados erros. Nossa expectativa é devolver esse atrativo à Capital, reforçando as opções turísticas e, sobretudo, valorizando a história e a herança daqueles que estavam aqui muito antes da chegada dos bandeirantes e da fundação oficial da cidade”, disse.

Localizado no coração do centro histórico de Cuiabá, na Rua Barão de Melgaço, o Museu resguardava um acervo raro de culturas indígenas do Estado. “É importante ressaltar que as peças foram devidamente retiradas do espaço e armazenadas com todo o cuidado necessário para garantir a sua integridade”, explica Vuolo.

Com uma reserva técnica da ordem de 2000 objetos, um Setor de Documentação, uma Biblioteca especializada na temática indígena e uma galeria de arte, o Centro Cultural é um dos principais espaços dedicados à promoção e salvaguarda do patrimônio destas populações. Depois das alterações no projeto, o próximo passo é assinatura da ordem de serviço e, em seguida a reinauguração do espaço, em 2020.

Influência Bororó e atuação do MPF

A referência matriarcal, o sotaque e a culinária são algumas das características culturais dos índios Bororó herdadas pelos cuiabanos. O reconhecimento de sua contribuição ganha força no tricentenário da Capital e esteve entre os temas discutidos em reunião entre representantes da Prefeitura de Cuiabá e Ministério Público Federal (MPF).

Dona da terra há muito antes da chegada dos bandeirantes paulistas, a etnia, que chegou a contabilizar 100 mil habitantes, hoje conta com população de pouco mais de dois mil índios, que lutam por representatividade e demarcação de territórios tradicionais.

Exemplo disso é a terra Tereza Cristina, demarcada por Marechal Rondon.  Originalmente o espaço compreendia uma área de mais 160 mil hectares. O território foi sendo reduzido ao longo dos anos por processos ilegais atualmente conta com pouco mais de 25 mil hectares.

A luta do povo Bororó dura mais de 20 anos e o MPF tem sido fundamental nesse processo. De acordo com o procurador da república Ricardo Pael Ardenghi, o Ministério agilizou uma ação civil pública no final de 2018, que estabelecia a retomada da demarcação de terra pela Fundação Nacional do Índio (Funai).

 

No último mês, ele se reuniu com a comunidade para acompanhar a evolução da revisão e demarcação. Confira: