Assistência Social, Direitos Humanos e da Pessoa com Deficiência / Faça Bonito

18 de Maio de 2015 11h00

Prefeitura inicia campanha de combate à violência sexual contra crianças e adolescentes

18/05/2015

KARINE MIRANDA

Michel Alvim

Arquivo

A Prefeitura de Cuiabá lançou nesta segunda-feira (18) a campanha “Faça Bonito”, a fim de combater o abuso e a exploração sexual de criança e adolescentes, bem como o trabalho infantil.

Coordenada pela Secretaria de Assistência Social e Desenvolvimento Humano, a campanha  faz parte da programação nacional em torno do Dia Nacional de Luta Contra o Abuso e Exploração de Criança e Adolescentes, comemorado hoje.

De acordo com o secretário de Assistência, José Rodrigues Rocha Júnior, a prefeitura está dando sequência à campanha iniciada pelo Governo do Estado na última semana, e quer reduzir o número de menores vítimas de violência sexual.

Somente no ano passado, 142 crianças e adolescentes foram atendidas pelas unidades de assistência vítimas de abuso e exploração sexual. A maioria desses casos ocorreu em ambiente familiar e/ou escolar, segundo o secretário.

“Queremos despertar a necessidade da correlação das politicas publicas de saúde, cultura e esporte para que possamos, de maneira conjunta, fomentar a discussão para além da assistência social. E que a sociedade inteira possa nos ajudar observando o que está acontecendo com as crianças no ambiente familiar, porque a maioria desses casos ocorre dentro de casa, por pessoas que deveriam proteger essas crianças e acabam cometendo esses crimes”, afirma.

Por isso, a secretaria de Assistência disponibiliza o Disque 100 e o telefone 3653-5763, para que sejam realizadas denúncias dos crimes contra criança. Nos casos em que é constatada a procedência da denúncia, os conselhos tutelares são acionados, verificam a situação e fazem um requerimento de retirada da criança do convívio familiar.

A partir deste documento, a Justiça determina ou não a retirada da vítima e o menor, entre zero e 12 anos, é encaminhado à Casa da Criança Cuiabana, que hoje acolhe cinco crianças vítimas de abuso e/ou exploração.

“Queremos conscientizar a população da importância desse enfrentamento por conta das sequelas que as crianças carregam ao longo de toda vida quando sofrem abuso ou exploração. Por isso, temos que ficar atento ao comportamento das crianças, porque elas ficam diferentes, mais introspectivas, temos que ser eternos vigilantes”, pontua.

Para o secretário de Estado de Trabalho e Assistência Social (Setas), Valdiney de Arruda, a adesão da prefeitura na campanha é essencial para enfrentar este crime, que tem como principal amparo o silêncio das vítimas que não denunciam.

Somente nos quatro primeiros meses deste ano, 20 crianças foram vítimas de abuso no Estado, no entanto, o número pode ser maior.

“Segundo dados do sistema de saúde, 20 adolescentes são atendidos diariamente em decorrência de exploração e abuso sexual no Brasil. Essa realidade precisa ser enfrentada do ponto de vista cultural de denunciar. Por isso, é importante esse trabalho que desencadeamos e que, com o apoio das prefeituras, vamos levar a todos os municípios”, pontuou.

Em Cuiabá, várias atividades serão realizadas durante todo o mês com os usuários das unidades de assistência, bem como com seus familiares, a fim de chamar a sociedade para assumir a responsabilidade de prevenir e enfrentar o problema da violência sexual praticada contra menores.

“Temos palestras e atividades culturais para instruir as crianças de maneira lúdica a entender o que é o crime e por que isso acontece, bem como a conversar sobre isso. Temos ainda roda de conversa pelo programa de atenção integral a família e várias outras atividades com nossos parceiros”, finaliza o secretário José Rodrigues.

Ainda durante o lançamento da campanha, houve as apresentações de Karate da academia Shotokan, do coral do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos e a exposição dos acadêmicos de psicologia da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) sobre o tema e sobre como realizar a abordagem da vítima no seio familiar.

“Nós viemos compor forças para lutar contra essa problemática que o Brasil todo enfrenta. Então, vieram 30 alunos para apoiar a causa, pois nós discutimos com eles sobre como trabalhar com as vítimas, a família e o agressor até porque a abordagem é diferenciada no trabalho psicológico e psicossocial”, afirma o professor da UFMT,  Amailson Sandro de Barros. 

Além dos secretários, estiveram presentes no evento, o secretário de Saúde, Ary Souza, o juiz auxiliar do Tribunal de Justiça, Luiz Sabóia e a vereadora Lueci Ramos.