Assistência Social, Direitos Humanos e da Pessoa com Deficiência / AMPARO

13 de Abril de 2018 08h45

Rede de Proteção busca fortalecimento do acompanhamento psicológico de crianças e adolescentes

13/04/2018

RAFAELA GOMES CAETANO

Gustavo Duarte

Arquivo

Conferir todo o amparo psicossocial à crianças e adolescentes vítimas de violência é um dos vastos campos de atuação da Rede de Proteção à Pessoas em Situação de Violência (RPPSV). Ampliando o debate sobre o alcance das políticas públicas na vida daqueles em contexto de fragilidade física e emocional, o grupo formado por membros da sociedade civil tem dedicado seus esforços para buscar soluções junto aos poderes executivos, legislativos e judiciários. E nesta quinta-feira (12), o membros do coletivo explanaram a respeito das atuais circunstâncias no que tange o acompanhamento destes jovens, vitimados por agressões interpessoais ou até mesmo autoprovocadas.

“Estamos diante um alto índice de casos de violência envolvendo as gerações mais novas e infelizmente o atendimento às necessidades dessas vítimas não têm correspondido à grande proporção existente. Com pontos específicos e polarizados na cidade, vemos que muitas crianças ou adolescentes não são acompanhados da forma mais precisa e abrangente possível. Sabemos das limitações que o poder público possui, mas cremos que quando unimos nossas expertises, somos capazes de projetar respostas eficazes com um alcance mais amplo. Pensando nessa latente carência que enfrentamos, pautamos este encontro para estrategiar formas de atuação que envolvam as diversas esferas institucionais. Vamos iniciar um trabalho de sensibilização, visitando as secretarias municipais de Saúde e Assistência Social e Desenvolvimento Humano, bem como outros órgãos co-participativos, como o Ministério Público do Estado, a Secretaria de Estado de Saúde, além do Hospital Júlio Müller. Queremos buscar melhorias em uníssono, com a certeza de que juntos podemos proteger e resguardar nossos jovens, mesmo mediante contextos tão delicados e traumáticos”, afirmou João Henrique Magri Arantes, psicólogo da Delegacia Especializada nos Direitos da Criança e do Adolescente e membro do RPPSV.

A violência contra crianças e adolescentes é um problema de âmbito mundial, que tem dizimado juventudes em diversas cantos do globo. Segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), só em 2015, mais de 82 mil meninos e meninas entre 10 e 19 anos foram mortos ao redor do mundo. Intitulado “Um Rosto Familiar: A Violência na Vida de Crianças e Adolescentes”, o relatório desenvolvido pela organização ainda retrata que a cada sete minutos uma pessoa dessa faixa etária morre. Os dados são ainda mais atrozes e revelam uma análise detalhada das mais diversas formas de agressão sofridas pelos pequenos e jovens. Dentre as práticas abusivas, o estudo aponta a violência disciplinar, doméstica na primeira infância; na escola – incluindo bullying; de cunho sexual, além de mortes violentas.

Para combater essas aflições, a Rede de Proteção desmembrou um grupo direcionado, que visa problematizar especificamente a questão da manifestação da violência com o público mais jovem. Considerando que todo e qualquer ato dessa natureza é capaz de desenvolver traumas e travas sociais, os voluntários usam suas habilidades profissionais nas áreas de assistencialismo e afins para fortalecer ações que tragam acalento e resultado na vida destas vítimas. Com participantes oriundos de diversas áreas como Saúde, Educação, Segurança Pública, Direitos Humanos, além dos Conselhos de Direito e Tutelares, este núcleo quer operar de forma preventiva, garantindo o respaldo público no atendimento do cidadão, coibindo sequelas mais severas, como o prejuízo no senso de autoestima da pessoa em estado de fragilidade.

“Nosso alvo é toda parcela social que esteja em um quadro de violência, seja auto-infligida coletiva ou interpessoal. No caso desse trabalho feito com crianças e adolescentes, nossa preocupação é com o desenvolvimento dessa vítima. Sabemos que após uma ocorrência contra sua integridade, existe um período máximo para que todo o procedimento de atendimento seja conduzido, ou se torna inviável identificar e diagnosticar a agressão sofrida. Além disso, a demora na prestação de socorro intensifica traumas e gera um constrangimento muito maior na vida desses meninos e meninas. É por isso que queremos trazer todas as esferas institucionais públicas para este debate, para que juntos possam aplicar soluções às fragilidades enfrentadas. Trabalhamos para apoiar e fortalecer pessoas e ações de sensibilização e tememos pelo desenvolvimento da nossa juventude, que sob os reflexos da violência, pode se tornar incapaz de crescer e evoluir”, concluiu João Henrique.