Assistência Social, Direitos Humanos e da Pessoa com Deficiência / MARÇO MULHER

08 de Março de 2018 18h00

Desconstruir uma cultura que dilacera as mulheres foi o que destacou Márcia Pinheiro na ação Março Mulher no Pedra 90

08/03/2018

LUCIANA SOUZA

Vicente Aquino

Arquivo

Sensibilizar a sociedade a ser agente transformador no combate à violência contra mulher, desconstruindo uma cultura de recusa à igualdade nos direitos e deveres entre os gêneros, através do acesso à informação. Foi o que a primeira-dama Márcia Pinheiro elencou na abertura da ação de atendimento da Campanha Março Mulher, no bairro Pedra 90, na manhã desta quinta-feira (8).  

O evento contou com uma série de atendimentos à população da região Sul, em várias esferas, como médico, odontológico, social e jurídico. Além dos atendimentos, o foco principal da série de ações da Campanha é provocar um debate em torno da problemática social que vem assolando o mundo ano a ano: a violência doméstica.

Segundo a primeira-dama, para se descontruir uma cultura, pois o problema desta violência é cultural, é preciso  um trabalho que envolva de forma efetiva a participação de todos, principalmente do homem, em um sistema de educacional.

“Quando falamos desta problemática, rapidamente pensamos somente na mulher. Porém o contexto é amplo, é familiar e de todas as classes. Visto isso, precisamos da compreensão de que para se ter políticas voltadas para esta questão social democrática,  temos que inserir a sociedade como um todo no processo. Pensando nestes pontos, foi  que desenvolvemos a campanha, e queremos assim, alcançar este sistema cheio de rupturas, que atinge nossas mulheres, afetando de maneira contundente a todos. Vamos trabalhar de maneira contínua para que cada vez mais cidadãos recebam informações e também sejam agentes nesta luta”, observou Márcia.

Para o secretário de Assistência Social e Desenvolvimento Humano, Wilton Coelho, o molde da Campanha vem ao encontro da bandeira da gestão atual, que é de uma sociedade informada, consciente de seus direitos e assim, participativa na construção de novos tempos para Cuiabá. Ele destacou o belíssimo trabalho da primeira-dama à frente das ações que tratam desde a vulnerabilidade da família  em um todo, buscando, com olhar sensível, levar para elas a compreensão de seus direitos dentro de um sistema igualitário.

“Para promover a mudança, temos que antes educar, levando ao cidadão a informação de qualidade, com acesso aos seus direitos e também deveres. Temos ciência desse quadro de violência contra a mulher e a Márcia vem trazendo isso para dentro das ações assistenciais do munícipio, não como uma bandeira temporária, mas uma bandeira contínua. Pois só assim, cremos, conseguiremos quebrar este ciclo ‘sangrento’ que atinge nossas mulheres. Este evento aqui é fruto de muito trabalho e também de muitas histórias. De uma equipe guerreira e determinada naquilo que se propõe a alcançar. Então, que seja um dia não só de flores, mas de conscientização por parte de todos, para construirmos uma realidade diferente”, ressaltou Wilton.

Além dos atendimentos, o evento foi contemplado com uma animada palestra sobre o ‘empoderamento da mulher’, sob o tema Reconstruindo a Mentalidade, Mudando o Comportamento, ministrada pela advogada Ana Emília Iponema, que trabalha com a temática desde 2003.

 “Uma idealização muito bacana do município com o judiciário, pois empoderar mulheres através da informação é o método, com certeza, mais indicado para transformar esta cultura visceral de abuso contra o sexo feminino. Fico imensamente feliz por fazer parte desse momento de união na busca das mudanças dentro da sociedade e assim, só posso agradecer por este momento de troca de conhecimento”, disse a palestrante.

De acordo ainda com Ana, a violência contra mulher não aumentou, o que vem aparecendo mais são as denúncias. Ela explicou que diante desta nova realidade, onde a mulher tem mais acesso à informação e assim é consciente de seus direitos, “o crime de feminicídio vem aumentando, provocado pela não aceitação do homem quanto à mudança comportamental das mulheres, de passiva à ativa no que se refere a sua liberdade”, esclareceu.

A Campanha conta com a parceria do Poder Judiciário, através da colaboração do juiz da Vara Especializada de Violência Doméstica e Familiar Contra Mulher de Cuiabá, Jamilson Haddad Campos. “Agradecemos pela disposição do excelentíssimo juiz em colaborar com a nossa iniciativa, prestando estes serviços à nossa população e plantando um ‘sementinha’ em cada coração presente, nesta busca por dias melhores”, concluiu a primeira-dama.

Mais ações – As ações da Campanha continuam. No dia 15 (quarta-feira), o Março Mulher estará realizando uma palestra no auditório da Secretaria de Assistência Social e Desenvolvimento Humano, às 15 horas, como o tema “História da Mulher e Violência Doméstica”. Já no dia 16 de março, das 13 às 17 horas, as ações da Campanha contemplam as mulheres atendidas pelo Cras Getúlio Vargas, com o dia de beleza.

Balanço - Dentro deste contexto, a Capital registrou, nos últimos meses de 2017,  627 casos de violência contra a mulher, sendo a região do Pedra 90 com maior índice, 145 registros, o equivalente a 3,32% do casos. Dom Aquino vem em segundo, com 137 registros (3,14%), seguido do Centro Norte, 132; Tijucal, 90; Centro Sul, 81; Doutor Fábio, 72.  Em Mato Grosso, no último ano, 62 foram vítimas de feminicídio, sendo em Cuiabá nove destes casos. Este ano também foi iniciado de forma sangrenta. Oito mortes no estado até o momento. Em todos os registros, o mesmo motivo, homens inconformados com términos de relacionamentos.